Especialista do Edson Ramalho alerta que medicamentos emagrecedores só controlam obesidade com mudança no estilo de vida

A busca por medicamentos emagrecedores como Ozempic e Mounjaro tem crescido nos últimos meses, no Brasil. Os fármacos representam uma forma de tratamento da obesidade, assim como a cirurgia bariátrica e metabólica, mas, segundo alerta o especialista em cirurgia do aparelho digestivo, Daniel Hortiz, médico do Hospital do Servidor General Edson Ramalho (HSGER), o controle da doença só ocorrerá com a mudança de estilo de vida do paciente. 

O HSGER, gerenciado pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde (PB Saúde) e pertencente à rede estadual, é uma referência em cirurgia bariátrica e cuidados multidisciplinares no tratamento da obesidade. O cirurgião bariátrico do hospital explica que o controle da obesidade só é possível com a adoção de alimentação saudável com controle de calorias e redução do uso de alimentos industrializados, e com a prática de exercícios físicos regulares. “Não adianta usar medicação acreditando que só ela vai ser suficiente para controle da obesidade”, enfatiza.

O alcance da perda de peso vai depender do perfil e das expectativas do paciente, segundo explica o médico Daniel Hortiz. “Há pacientes com grau de obesidade mais avançado, que já usaram medicação e não tiveram o resultado esperado, sendo necessário submeter-se a uma cirurgia bariátrica. Por outro lado, há aqueles que estão obesos, mas sem indicação cirúrgica, que podem se beneficiar do uso das medicações emagrecedoras, as quais proporcionam perda de 20% do peso do paciente com tratamento de um ano, o que é um resultado revolucionário se a gente comparar com tratamento clínico do passado. Na cirurgia bariátrica, o índice pode chegar a 40%, no período”, comenta.

O especialista frisa que o tratamento clínico não exclui necessariamente a cirurgia: os tratamentos podem ser complementares. “A obesidade é uma doença crônica e multifatorial, mas temos um arsenal de tratamento que pode ser utilizado de forma combinada até no mesmo paciente”, observa ele. Inclusive, há casos de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica que tiveram reganho de peso, apesar de isto ser muito raro. Neste caso, podem usar medicação para um tratamento de resgate e voltar a perder peso.

Acompanhamento médico – Os medicamentos emagrecedores podem gerar efeitos colaterais, ensejando o acompanhamento médico durante o tratamento. Segundo Daniel Hortiz, as reações adversas mais comuns aos medicamentos análogos de GLP-1 (hormônio intestinal que desempenha um papel importante na regulação da glicose no sangue e no controle do apetite)  são sintomas gastrointestinais, como náuseas, vômitos, constipação, distensão e desconforto abdominal. “São efeitos colaterais toleráveis, quando associados a outros medicamentos para minimizá-los”, pondera o médico.

A paciente Maria José Santos foi submetida à cirurgia bariátrica, no Edson Ramalho, há nove meses e perdeu 45 quilos. Após uma consulta de retorno, a agricultora da cidade de Mari contou que se sente mais confiante na vida e tem menos dificuldades na realização dos serviços de plantio e colheita. “Eu sempre sofri muito bullying por conta do meu peso. Mas agora eu me amo mais, consigo fazer mais coisas e me importo menos com a opinião das pessoas. Antes, para fazer qualquer atividade, eu sentia muitas dores. Mas tudo foi um processo de mudança de hábitos e de mentalidade. Agora, estou mais saudável, comendo menos e melhor, e praticando atividades físicas”, relata.

Cirurgia bariátrica – Para ingressar no programa de cirurgia bariátrica do HSGER, o paciente deve ter o índice de massa corpórea (IMC) acima de 40, com obesidade de grau três. Também é possível ingressar quem tem IMC acima de 35 e obesidade de grau dois, associada a alguma comorbidade. Mas, é preciso já ter havido uma tentativa de tratamento da obesidade por pelo menos dois anos. Os procedimentos são realizados por meio do programa Opera Paraíba. 

Os pacientes são submetidos a um processo de avaliação multiprofissional, que inclui cirurgião bariátrico, endocrinologista, nutricionista, psicólogo, enfermeiro, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e odontólogo. Para ter acesso, o paciente deve procurar a unidade de saúde da família mais próxima para ser encaminhado pela Central Estadual de Regulação. O acompanhamento após cirurgia é feito por um ano.

 

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